Wednesday, September 26, 2012

Anac apura voo de risco da Trip

Anac apura voo de risco da Trip:
Órgão regulador já constatou "indícios de irregularidades" e fará novas inspeções para confirmar falta de segurança em pousos

Correio Braziliense via NOTIMP: 25 de setembro de 2012
SÍLVIO RIBAS
A Agência Nacional de aviação Civil (Anac) iniciou ontem uma auditoria na Trip Linhas Aéreas para apurar "indícios de irregularidades" que o próprio órgão regulador encontrou durante pelo menos três procedimentos de pouso realizados pelas aeronaves da companhia em agosto. Com base nos dados apurados pela fiscalização a partir de uma denúncia anônima, a Anac abriu processo administrativo para investigar operações que estariam sendo feitas sem autorização e que trazem riscos à segurança dos seus passageiros.
Dentro de um longo rito previsto pelo regulamento da agência, sem prazo estabelecido, todas as informações colhidas até agora terão de ser conferidas em novas inspeções sem localização prévia, para manter o fator surpresa. Sem dar detalhes sobre a gravidade dos indícios de irregularidades que constatou na sexta maior companhia do setor, a diretoria do órgão informou que o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) foi avisado dos fatos para poder tomar providências, pois é o responsável pelo controle do tráfego aéreo.
Nos últimos dias, circularam informações de que a Anac foi alertada sobre o uso de uma técnica de pouso de "alto risco", confirmada após uma verificação in loco feita nos aeroportos de Juiz de Fora (MG), Criciúma (SC) e Joinville (SC). A infração nesses respectivos voos estaria registrada em documento da agência com data de 27 de agosto.
A evidência desse problema teria sido, ainda, reforçada por anotações de pilotos da Trip sobre as alturas mínimas para pouso com o uso da técnica de aproximação por instrumentos em 15 aeroportos, onde o procedimento é proibido pelo Decea.
Defesa
A Trip, que tem sede em Campinas (SP) e está em processo de fusão com a Azul, informou por meio de nota que dará "total cooperação" à investigação da Anac. "A companhia está colaborando para que a Anac e demais autoridades aeronáuticas trabalhem com absoluto rigor e total transparência para fazer da aviação brasileira uma atividade cada vez mais segura", prometeu.
Em relação às suspeitas de negligência com a segurança operacional, a empresa ressaltou que já atendeu todas as recomendações feitas anteriormente pela agência, de modificações referentes aos procedimentos de aproximação irregulares, conhecidos como RNAV Approach. "A Trip sempre se pautou, ao longo de mais de 14 anos de atividade, pela seriedade com a segurança em suas operações, refletida nos elevados índices de segurança operacional alcançados", acrescentou.
A Anac cobrou, contudo, a adoção imediata de medidas preventivas para garantir operações seguras. Nesse sentido, a agência avisou que os trabalhos de suas equipes de fiscalização serão realizados nos locais que julgar necessário. O relatório final sobre os indícios só serão divulgados ao fim do processo administrativo. Enquanto isso, eventuais acidentes podem ser uma confirmação mais rápida dos riscos apontados pela própria agência.
Aliança com Azul
As companhias aéreas Azul e Trip assinaram um acordo de associação em 28 de maio e vêm realizando mudanças de comando e estudos sobre compartilhamento de atividades. Se a união for aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade) e pela Agência Nacional de aviação Civil (Anac), elas passarão a atuar sob a holding Azul Trip S.A. A nova companhia aérea será a terceira maior do mercado brasileiro e irá operar com aproximadamente 800 voos diários, envolvendo 99 destinos e 249 localidades atendidas.
Demora para agir
O empenho político do governo federal em aproximar as agências reguladoras dos consumidores dos serviços operados por concessões públicas, com a cobrança explícita de qualidade e ameaça de sanções mais duras, está deixando evidente não apenas a insatisfação dos clientes. O avanço dos agentes fiscalizadores revela as próprias limitações burocráticas.
Apesar de reunirem profissionais altamente qualificados, órgãos como a Agência Nacional de aviação Civil (Anac) esbarram na dificuldade de processar informações cotidianas para a sua análise, além do conflito de competências reservadas a cada uma das várias siglas que integram o setor aeronáutico. Não por acaso, episódios como os da Trip, nascidos de denúncia anônima sobre algo que pode gerar acidentes nos pousos de aeronaves, precisam passar por etapas de comprovação, antes que o risco possa ser totalmente afastado. A falta de inspeções cotidianas em larga escala também acaba conspirando contra o esperado papel preventivo da agência reguladora de companhias e aeroportos.
Obs. do Aviação Geral: O vídeo abaixo não tem nada haver com a matéria, o propósito dele aqui é meramente ilustrativo.

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